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sábado, 26 de março de 2016

O VAMPIRO DE CURITIBA

O  VAMPIRO DE CURITIBA

          Quando o grande escritor paranaense Dalton  Trevisan escreveu uma de suas obras mais conhecidas nunca poderia imaginar que a capa desse livro fosse se transformar  em personagem da vida real. Pois foi de Maringá – a cidade canção – (vejam a ironia!) que surgiu o VAMPIRO DE CURITIBA em carne e osso.
          Vestindo uma camisa negra, talvez no intuito de imitar, ainda que inconscientemente, o “ Duce” do fascismo italiano,  ele apareceu abruptamente  no cenário de nosso país como um anjo exterminador da corrupção, distribuindo justiça a torto e a direito. Certas platéias deliram e fazem soar o ronco sinistro e  aparentemente assustador das caçarolas dos que já jantaram – e bem jantados, com a graça do  bom  Deus.
          Mas, como diz o ditado popular, vamos devagar com o andor que o santo é de barro. Nos organogramas do primeiro grau da magistratura tupiniquim  não há lugar para vampiros, seres superiores do filme de terror em que a burguesia quer transformar a realidade brasileira.  Os quadradinhos que  aparecem na primeira instância de  nossa Justiça são para seres de menor envergadura, tipo morcegos xipófagos. Eles são bem menores mas transmitem duas doenças muito perigosas: a raiva e o medo.
          Abro um parêntesis e peço licença para retificar uma  expressão que usei acima. Este morcego do qual estamos falando, contaminado pela raiva que ele mesmo produz,  ficou com visão monocular. O seu olho direito já não consegue ver mais nada. Então só  distribui pauladas pelo lado que ele vê torto; o que vem do outro lado, da direita velha de guerra, ele esconde no fundo sujo de uma gaveta da memória estilhaçada por sua própria conspiração.
          Além disso, como dizia o saudoso Barão de Itararé: “Há algo mais no ar além dos aviões de carreira” No enredo deste “samba do crioulo doido” (música do  imortal Stanislaw Ponte Preta) a melodia não harmoniza com a música. Há algo errado aqui.
          Será que um juiz de primeira instância, sozinho,  conseguiria movimentar essa gigantesca engrenagem, que vai da Polícia Federal e do Ministério Público até os sacrossantos sigilos fiscais da  Suiça e dos Estados Unidos? O prestigiado jornalista Luis Nassif acha que é o Procurar Geral da República Rodrigo Janot quem estaria por traz de tudo isso. Acho que ele pode ter razão, mas apenas em parte. Que há um Golpe de Estado em andamento até a velhinha de Taubaté e Dona Wanda já se  deram conta. Mas estruturar um Golpe de Estado não é obra para um homem só. Nem Dois. Requer a montagem de um Estado Maior. É o que vou tentar abordar na próxima matéria, se “me sobrar engenho e arte”, como dizia Camões.
Diógenes Oliveira


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