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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

TRISTEZA NA FAVELA ACABOU COM A FESTINHA DAS PRIMAS

Dias após o golpe militar de 1964, eu fui orientado a passar algum  tempo fora do Rio de Janeiro, pois a repressão andava atrás de mim, devido minhas atividades no Movimento Estudantil e no Plano Nacional de Alfabetização de Adultos. O método Paulo Freire era considerado altamente subversivo.
Pois bem, fui então me recolher em Conceição da Boa Vista, Minas Gerais, e na minha bagagem levei o 18 Brumário de Luiz Bonaparte, de Marx e um LP, de Sérgio Ricardo, cantor e compositor de músicas inspiradas na realidade social brasileira (músicas de protesto). http://www.sergioricardo.com/
No meu segundo dia na paradisíaca Vila,  minhas primas organizaram um baile. E foi um tal de "Calhambeque", "Pare o Casamento", "Namoradinha de um Amigo Meu" e outros sucessos da Jovem Guarda. A animação era grande, até que eu tirei da capa o LP do Sérgio Ricardo e o coloquei na eletrola. 
Primeiro tocou Barravento, e ninguém saiu dos bancos posicionados junto às paredes. Então troquei de faixa e coloquei pra tocar Enquanto a tristeza não vem
Piorou. Estava todo mundo borocoxô, até que uma das primas tomou atitude e tirou a tristeza do toca-disco e lascou "Banho de Lua". E então, animação voltou ao som do yé-yé cantado por Celly Campello.     

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