Dias após o golpe militar
de 1964, eu fui orientado a passar algum tempo fora do Rio de Janeiro, pois a repressão
andava atrás de mim, devido minhas atividades no Movimento Estudantil e no
Plano Nacional de Alfabetização de Adultos. O método Paulo Freire era
considerado altamente subversivo.
Pois bem, fui então me
recolher em Conceição da Boa Vista, Minas Gerais, e na minha bagagem levei o 18
Brumário de Luiz Bonaparte, de Marx e um LP, de Sérgio Ricardo, cantor e
compositor de músicas inspiradas na realidade social brasileira (músicas de
protesto). http://www.sergioricardo.com/
No meu segundo dia na paradisíaca
Vila, minhas primas organizaram um
baile. E foi um tal de "Calhambeque", "Pare o Casamento", "Namoradinha
de um Amigo Meu" e outros sucessos da Jovem Guarda. A animação era grande,
até que eu tirei da capa o LP do Sérgio Ricardo e o coloquei na eletrola.
Primeiro tocou Barravento,
e ninguém saiu dos bancos posicionados junto às paredes. Então troquei de faixa
e coloquei pra tocar Enquanto a tristeza não vem
Piorou. Estava todo mundo borocoxô, até que uma das primas tomou atitude e tirou a tristeza do toca-disco e lascou "Banho de Lua". E então, animação voltou ao som do yé-yé cantado por Celly Campello.
Piorou. Estava todo mundo borocoxô, até que uma das primas tomou atitude e tirou a tristeza do toca-disco e lascou "Banho de Lua". E então, animação voltou ao som do yé-yé cantado por Celly Campello.
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