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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Carta aos meus netos e minhas netas


Queridas netas e netos
Há quase 50 anos, com 26 anos de idade, o avô de vocês foi submetido às mais terríveis e bárbaras torturas.
O Brasil estava dominado por uma ditadura militar, que prendia, torturava e matava seus opositores. A imprensa, a música e o teatro estavam sob censura. A palavra liberdade era proibida. 
E foi em virtude da luta por democracia que fui preso.  
Pois bem, após passar pelos centros de tortura do Paraná, fui levado para o Rio de Janeiro, onde ocorreram novos suplícios.
Meses antes, agentes da ditadura militar invadiram a casa de meus pais (seus bisavós). Foram em busca de armas e encontraram meus livros.
Foram dez anos - 1969, ano que fui preso, e 1979, ano em que voltei à vida legal com a anistia política - que marcaram a vida de nossa família. Eunice, a avó de vocês carrega até hoje as sequelas daqueles anos tenebrosos. 
Desculpem essas palavras meio tristes do vô. Tristes sim, porque penso que estamos atravessando um momento muito parecido com aquele que nossa família viveu, e que não quero que vocês vivam.
Mas vamos direto ao ponto. Quero que saibam que, nessa eleição, o avô de vocês preferiu votar em Fernando Haddad. E o que é possível no momento, é votar no candidato que nos dê mais garantias de que a democracia será mantida e respeitada.
Fernando Haddad é a opção necessária para que a educação e a saúde públicas sejam valorizadas e o lado bom dos governos antecessores de seu partido sejam desenvolvidos. O lado bom, sim, porque ocorreram  também malfeitos que não podemos aceitar.
Então meus netos, seja qual for o resultado, vamos esperar para o dia amanhecer sem ódio.
Vô Aluízio

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