Em minha adolescência, eu tinhaorelha de Azulão um ídolo no futebol frielense. Era o Azulão, jogador do Esportivo Futebol Clube.
Ele, andava sempre vestido com uma camisa azul marinho, cor de seu time de coração e de sua pele. Nas tardes de domingo, meu ídolo encantava a torcida, que lotava o Estádio Amaral Peixoto, principalmente nos jogos com o Tabajaras. Azulão jogava no meio do campo, e quando ele pegava a bola de jeito fazia uma “folha seca”, daquelas de deixar Didi de boca aberta.
Ganhando ou perdendo a galera, ou melhor, a torcida do Esportivo ia festejar no Bar do Zé Podão. Que festa!
Naqueles dias aconteceu um acidente que tirou por algum tempo o meu ídolo de campo e trouxe uma imensa tristeza em minha família.
Azulão e papai estavam pintando as paredes do armazém, e quando moviam um armário imenso, de quase três metros de altura, de repente, o armário correu pelo piso em desnível e prensou Azulão contra a parede e um metal cortou fora a orelha dele.
Foi uma gritaria terrível, com sangue respingando por todo lado. Mamãe apanhou um lençol e enfaixou a cabeça daquele negro colossal e, em questão de poucos minutos – ou foram segundos? – eles chegaram no Armando Vidal. Papai carregando Azulão e mamãe, que corria atrás, levava a orelha na concavidade formada pelas mãos em concha.
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