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sexta-feira, 25 de maio de 2012


Corporações não querem cumprir com Lei de Acesso à Informação
A decisão do STF, do Senado e da Câmara de divulgar o salário de todos os servidores, incluindo ministros e parlamentares, gerou questionamentos no âmbito jurídico por parte de entidades que representam os trabalhadores. Os sindicatos alegam que, além de representar risco aos funcionários, a publicidade dos contracheques com o nome de cada servidor fere o direito à intimidade, previsto na Constituição Federal. A forma como esses dados serão divulgados ainda não está clara, e especialistas se dividem quanto à legalidade da regra. O caso divide opiniões. Os presidentes da Câmara e do Senado disseram que vão seguir o ato normativo a ser publicado pelo Ministério do Planejamento para regulamentar e esclarecer exatamente como os órgãos do Poder Executivo vão tornar acessíveis as remunerações individuais dos servidores. O professor de direito constitucional da UnB, Paulo Blair, defende que essa divulgação contraria um princípio constitucional: "Os servidores públicos são cidadãos como todos os outros e também têm direito à intimidade e à vida privada, previstos na Constituição", justifica. Para Blair, a melhor saída seria fortalecer os órgãos de controle e fiscalização, que podem observar os possíveis abusos no pagamento de salários. O Sindilegis já se manifestou contrário à divulgação nome a nome, e diz preparar uma "batalha jurídica" para derrubar o ato. O presidente da entidade, Nilton Paixão, também alega questão de segurança pessoal: "Divulgar o nome do servidor com a respectiva remuneração pode expor toda a família a um risco desnecessário". Já o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, ressalta que "a insegurança no Brasil é um problema social grave que independe de salários altos ou baixos". Ophir acrescenta que o interesse coletivo deve superar o individual. "Quem paga esses salários é o povo, e o patrão tem o direito de saber o que está pagando", afirma. Presidente da ONG Transparência Brasil, Cláudio Abramo refuta o argumento da privacidade. "Não é interesse público saber o salário de um trabalhador privado, mas, no caso do servidor público, quem pagamos somos nós", comenta. Publicado no Correio.


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