Sarney e Maia prometem abrir as caixas-pretas
A
Câmara dos Deputados e o Senado vão divulgar os salários dos seus servidores
com todos as ajudas de custo, gratificações e bonificações, da mesma forma que
fará o Executivo. A decisão, política, foi anunciada ontem pelos presidentes
das duas Casas, deputado Marco Maia e senador José Sarney, após três dias de
conversas. “Vamos publicar tudo. Faremos conjuntamente, da mesma maneira, o
Executivo, o Judiciário e o Legislativo”, disse Sarney. “Os Poderes estão em
sintonia com os anseios da sociedade. Conversei com o presidente Sarney e
decidimos que o Parlamento, o mais transparente dos Poderes, deveria dar essa
resposta à sociedade”, afirmou Maia. No dia 16, quando entrou em vigor a Lei de
Acesso à Informação, a diretora-geral do Senado, Dóris Marize Peixoto, afirmou
que não estava nos planos do Legislativo tornar públicos os vencimentos dos
servidores. “A questão salarial individual é uma questão que tem apoio legal para
não ser divulgada”, alegou. Não apenas seria um risco para a segurança,
afirmou, como seria uma “quebra de sigilo bancário” – em- bora não houvesse
determinação para divulgar dados da conta bancária dos funcionários, mas apenas
o que o Estado paga a cada um deles. No dia seguinte, o Planalto publicou
decreto tornando obrigatória a divulgação de tudo o que é pago a cada servidor
do Executivo: salário, ajudas de custo, gratificações, jetons e diárias, entre
outros. A maneira como isso será feito depende de ato normativo do Ministério
do Planejamento, que deve ser publicado até o fim da semana. O decreto pegou de
surpresa tanto o Judiciário quanto o Legislativo e deixou os dois Poderes em
situação desconfortável. A LAI obriga todos os órgãos da administração pública
a tornar disponíveis informações institucionais e financeiras, salvo as que
ainda podem ser classificadas como sigilosas. Cada Poder analisa sua produção
de informação e determina o que não pode ser aberto. O Sindicato dos Servidores
do Poder Legislativo Federal e do Sindilegis vai acionar a Justiça para evitar
a publicação dos vencimentos. O presidente do sindicato, Nilton Paixão, alega
que divulgar os vencimentos e nomes é “expor os servidores à
insegurança”.Publicado no caderno ‘Nacional’, do Estado.
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