Outro dia, eu fui retirar as correspondências na caixa de
correios de minha casa e encontrei uma carta escrita por um vizinho da Favela da Guarda Mirim.
Trata-se de um texto forte, realista e contemporâneo. Eu digitei o manuscrito obedecendo a grafia do autor.
"Conhecimento é chave, que abre a cela da prisão
Governo sabe disso, por isso tira condição
Zé Povinho é ingênuo, não é gênio na decisão
Silêncio dos livros não, só televisão
Programação iludindo muita gente
Consumo excessivo, de um ser vivo sem mente
Que erra no sentido, de tá aqui na terra
Ganância nunca trouxe paz, só traz guerra
Tragédia é
consequência disso tudo
Legal e violência, chato é estudo
Essa é a consciência das crianças de hoje em dia
Exposta a rádio, tevê, mídia
Que merda, Zé povinho com a cabeça surda
A alma não desperta, a ignorância é centro
A maloka tá aberta, o que acontece
Com quem nada conhece, humanidade permanece quieta
Submissa da preguiça, do cusão do patrão
Ditadura tortura, dos irmãos do coração
Dinheiro e matemática, vale mais que amor e abraço
Antes era chicote, hoje é inflação
Escravidão domina o mundo inteiro
Ateu ou judeu, é só não ter dinheiro
O desacerto vem a tona
Rico mata pobre indiretamente na Babilônia
Cultura do AMOR que cura o rancor
Pura bravura nas altura das lokuras do senhor
Vários favelados, lado a lado preparados
Conhecimento é arma se mistura (ilegível)
Aloísio o senhor é um livro VIVO!
Sua luta não foi em VÂO!!!"
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