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sexta-feira, 28 de julho de 2017

MEMÓRIAS DE MINHA PASSAGEM PELA PREFEITURA DE fOZ DO iGUAÇU

Fazendo um pouco de memória sobre a minha passagem pela Prefeitura de Foz do Iguaçu, lembro e registro aqui algumas passagens que julgo serem importantes, principalmente para o conhecimento das novas gerações.
São dois casos em que tentativas de imobiliárias para ocupar áreas de preservação foram freadas. Com isso, quero apenas exemplificar, que é possível o Poder Público assegurar o direito humano do cidadão habitar numa cidade onde o meio ambiente é respeitado. 
Pois bem, em 1992, eu estava no gabinete do governador Roberto Requião, quando o então deputado Dobrandino Gustavo da Silva, recém eleito prefeito de Foz do Iguaçu pela segunda vez, entrou na sala para uma audiência. Enquanto o governador e o deputado conversaram eu fiquei por ali sentado numa poltrona, até que o Dobrandino virou para o meu lado e perguntou se eu aceitava ser o diretor de imprensa na gestão que ia começar no dia 1 de janeiro. Aceitei o convite e falei que pela grandeza de Foz do Iguaçu, o melhor seria criar uma Secretaria de Comunicação Social. Dobrandino me disse então para eu preparar um projeto e levar pro Eloi Lohmann, então Secretário de Administração do prefeito Álvaro Neumann, cujo mandato estava terminando. 


Daí que foi criada a Secretaria composta por três diretorias: imprensa, cerimonial e informações institucionais.
Fiquei na Secretaria de Comunicação Social durante um ano e meio, até que fui derrubado pelo irmão de Dobrandino. O Zizo queria ter controle da verba destinada à imprensa. Não abri mão de minha prerrogativa e o poderoso Altair Ferraz da Silva arrancou de Dobrandino minha exoneração. 
Mas, o lado bom foi que eu cai pra cima. Dobrandino me chamou no apartamento dele e me disse que eu seria o Secretário de Meio Ambiente, que a nomeação já estava assinada e que seria publicada durante a viagem dele e do irmão para a Espanha. 
- Por enquanto não conte pra ninguém, na hora que o decreto for publicado, daqui a três dias no máximo, o Eloi Lohmann vai chamar você pra tomar posse. 
Entrei então na Secretaria de Meio Ambiente cheio de planos, com muitas ideias. Nem esperei o prefeito voltar da viagem e comecei a construir os canteiros centrais das avenidas das Cataratas, Jorge Schimmelpfeng e JK, com muretas para evitar a travessia arbitraria da via pública. Esse projeto de fazer paisagismo e construir as muretas foi inspirada pela morte em 1987, de um estudante, quando atravessava a Avenida das Cataratas. 
Logo em seguida, encarei a luta para preservar o Bosque Guarani, ameaçado de extinção pelo avanço de algumas empresas imobiliárias. Os donos dessas empresas assediavam o prefeito e tinham fortes aliados dentro da administração. O plano era desafetar, ou seja tornar a área do Bosque disponível para apropriação. 
Então, aproveitei que Dobrandino estava resistindo ao assedio das imobiliárias e coloquei o projeto Zoológico do Bosque Guarani em ação. O plano era simples, ocupar a área alvo da cobiça daquele grupo de empresários, que alegavam ser aquele local um perigo, pois abrigava marginais e viciados. Foi difícil, mas graças ao apoio do prefeito, o Zoológico foi inaugurado no último ano do mandato e a área foi preservada. 
Uma outra luta foi para preservar a nascente do Rio Monjolo. 
Eu estava no primeiro ano à frente da Secretaria de Meio Ambiente quando o meu amigo Vargas, que era presidente da Associação de Moradores do Jardim Central, me convidou para uma reunião. Fui lá e os moradores do bairro onde está situada a Mesquita, denunciaram que os olhos d'água situados na nascente do Rio Monjolo, estavam sendo tapados e que já havia construções em cima das vertentes. Pior, a própria prefeitura estava também jogando escombros. Resumindo, a área havia sido transformada em um grande bota fora.
O negócio estava realmente feio. Empresários do ramo imobiliário e até altas autoridades da prefeitura diziam que as águas do Monjolo deveriam ser aterradas, pois só servia 'pra criar mosquito'. 
De imediato determinei que fosse feito um mapeamento de todos os olhos d'água e coloquei um fiscal de meio ambiente de plantão na área e com ordem de multar quem jogasse entulho nas áreas de vertente. 
Gente, a pressão por parte das imobiliárias foi grande, mas conseguimos parar com a descarga de entulhos e até um prédio que a Imobiliária Santos estava construindo foi embargado. 
Tiramos então os entulhos e abrimos um grande espaço para onde escoariam as águas das vertentes. Surgiu então o Lago do Rio Monjolo. 
Em toda essa luta para a preservação nas nascentes do Rio Monjolo, eu tive o total apoio do prefeito Dobrandino, que ao receber o Projeto para a construção de um parque no local aprovou de imediato. Ganhei alguns desafetos, mas tive a satisfação de evitar que área do Monjolo fosse aterrada. 
Aproveito para reconhecer e agradecer o apoio e parceria de Adelmo Muller e André Alliana, ambos ambientalistas da Adeafi.

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