Meteu a alça do embornal na cabeça do arreio, fincou o pé no estribo e
tocou.
Ainda havia uns semitons escuros de nuvens preguiçosas emperradas no céu
da Serra da Venturosa.
Vestígio da chuva que amainara de repente, como de pronto viera.
Num rasguinho de estrada, pedaço do varzedo, ia ele montado na mula que com passos lentos,
ia vencendo a Venturosa, morro bastante espigado.
Nasce pouco baixo, manso de início, vai pouco a pouco se empinando. Cheio
de pedras num trecho, sombrio e úmido noutro, espicaça-se aqui, tortuoso à
frente.
Ganha o alto e toca a descer em seguida. Desce mais um bocadinho, toma
de um atalho e entra por uma porteira adentro. Segue por uma trilha, até que
alcança o cocho protegido por duas toras de madeira, onde cinco bois carreiros
pastavam a relva molhada.
Apeia, toma do embornal na cabeça do arreio, desfaz-lhe o nó da boca e
despeja o sal no cocho de pau. Esparrama o sal, chama os bois, senta em baixo
de uma árvore, acende o palheiro e cochilando, bate a cabeça baforando cismas.
Aluízio Palmar
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário