As moças da foto parecem apenas fazer pose. Nada disso. Elas
não só participaram de uma revolta como se tornaram símbolo de uma vitória
surpreendente. Foi em uma quinta-feira, 10 de outubro de 1957, quando colonos
do sudoeste do Paraná ocuparam a cidade de Francisco Beltrão, expulsaram os
jagunços que os aterrorizavam e destruíram documentos que tinham sido obrigados
a assinar.
Osvaldo Jansen, o fotógrafo que flagrou as garotas, também
registrou a cidade ocupada por cerca de seis mil colonos, armados com o que
encontraram à mão: paus, foices, facões, enxadas, machados, revólveres,
espingardas. Na ausência do prefeito, eles formaram uma junta governativa.
Antes, invadiram o escritório das companhias de terra que haviam instaurado um
regime de violência na região.
Os jagunços contratados pelas empresas, que antes espalhavam
o terror, foram retirados da cidade em viaturas do Exército. Sim, daquela vez
os militares ficaram do lado dos colonos. O que esteve em jogo era uma área de
cerca de 450 mil hectares, objeto de disputa entre os governos federal e
estadual. Nela, o governo Getúlio Vargas tinha estabelecido em 1943 a Colônia
Agrícola General Osório (Cango).
Quatorze anos depois, os colonos da Cango foram
surpreendidos pela ação da Clevelândia Industrial e Territorial (Citla) e duas
outras empresas que também se apresentaram como donas da terra. Essas empresas
talvez até tivessem conseguido subjugar os colonos se não optassem por
contratar jagunços que depredavam, espancavam, estupravam e matavam. A
violência generalizada culminou na Revolta dos Colonos.
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